O movimento feminista e a luta por emancipação

Pesquisa da ABCD Brasil revela que 82% das mulheres acham Brasil um país machista

O movimento feminista abrange mais de 60% das mulheres do país. Tal mobilização vem desde o século XIX, buscando a igualdade de direitos entre homens e mulheres.

Segundo uma pesquisa realizada pela ABCD Brasil, 82% das mulheres acham o país machista. 75% dos brasileiros consideram essa informação e 62% reconhecem a legitimidade do movimento. Cerca de 17% das pessoas entrevistadas admitiram que estranhariam uma mulher dirigir um táxi, porém 81% dos homens acha aceitável que não haja diferença salarial entre homens e mulheres. De todos os homens entrevistados, um terço se considerou machista.

Ideais feministas e inspirações

Os ideais feministas atingem mulheres adolescentes e adultas. A estudante Emilly Braga, de 16 anos, diz que hoje em dia a sociedade evoluiu em questões de direitos femininos, como a conquista do direito ao voto, porém as mulheres ainda precisam lutar contra o seximo e o racismo enraizado. “O feminismo serve para conscientizar mulheres dos abusos que elas podem estar passando e saírem dessa vida”, afirma.

A estudante declara que sua maior inspiração é a Frida Kahlo, personalidade que teve contato ao fazer um trabalho de escola. “A partir disso eu comecei a pesquisar e me interessas pelo movimento e hoje em dia eu luto pelo feminismo”.

Além de se identificar com o movimento feminista, a estudante de Publicidade e Propaganda, Rafaela Meiken, decidiu tatuar na pele a sua inspiração. “A tatuagem da Frida Kahlo foi feita há dois anos, mais ou menos”. Rafaela diz que admira muito a figura histórica em questão, por ela ser pintora e fotógrafa. “Amo os quadros em que ela retrata a mulher, fazendo uma crítica à essa submissão ao marido”.

A psicologia explicando as influências

Erica Rodrigues é especialista em Psicologia Clínica e afirma que o ser humano sempre está buscando reconhecimento, procurando a sensação de pertencer à um grupo com ideias parecidas, o que traz significado à vida. “A busca por referências é algo do ser humano, onde ele expressa suas ideias e compartilha com a sociedade”. As pessoas buscam uma inspiração, desde pequenas, em alguém que consideram um modelo a ser seguido, e isso não é diferente com o feminismo.

 Questão Histórica 

O movimento contemporâneo feminista teve seu início nos Estado Unidos, em 1960. Antes disso, já havia referência ao movimento, desde a revolução Francesa, quando mulheres morreram queimadas ou de outras maneiras trágicas.

A professora de História da PUC – Campinas Glaucia Fraccaro, é autora do livro “Os Direitos das Mulheres: Feminismo e Trabalho no Brasil (1917 – 1937)”. Ela defende que “mulheres pobres e trabalhadoras não provocavam mudanças na sociedade, e por isso, o movimento feminista conta a história a partir da experiência e trajetória dessas mulheres comuns”.

A professora cita alguns exemplos dessas personalidades: “as mulheres que recebem um grande reconhecimento na sociedade, suscitando o interesse das pesquisas, geralmente morreram ou sofreram uma grande violência (de Joana D´Arc a Malala Yousafzai), foram companheiras ou amantes de homens notáveis (de Dandara a Patrícia Galvão) ou são extremamente fantásticas, extraordinárias, completamente fora do comum (como Marie Curie, que ganhou mais de um prêmio Nobel)”.

Glaucia também destaca que o movimento feminista busca a emancipação das mulheres. “A história do movimento não está restrita aos estudos científicos e universitários, e pode ser contada através de mulheres que lutaram em movimentos e nas tensões produzidas na sociedade”.

De acordo com a historiadora, o que é considerado como “símbolo do feminismo” tem história. “As inspirações são historicamente construídas. Quando as meninas de antigamente procuravam pensar a própria condição, elas também percebiam a rebeldia que isso significava. A rebeldia aparecia na hora de lutar por direitos, de se pensar de forma autônoma e conceber uma estética rebelde”.

Eduardo Morais é professor de história do Colégio Populus de Itatiba e destaca mais alguns nomes que fizeram parte da História, como Joana D’Arc na França, Coco Chanel, Frida Kahlo, Anita Garibaldi, entre outras. “Essas mulheres deixaram um legado importante para a história e as lutas de classe, salarial, entre outras, fazem parte desse movimento feminista que é tão importante para a história”.

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