Vigilância da zoonose notifica sobre aumento no número de morcegos contaminados com o vírus da raiva. Até o fim de agosto foram encontrados 16 animais infectados
Reportagem publicada no portal Digitais: https://digitais.net.br/2017/10/veterinarios-alertam-sobre-o-aparecimento-de-morcegos-em-campinas/
Nos primeiros oito meses de 2017, a zoonose de Campinas registrou o aumento no número de morcegos infectados com o vírus da raiva. Dentre os 400 animais capturados e analisados, 16 deles apresentavam contaminação, sendo que a média dos últimos seis anos foi de oito a dez morcegos com a doença. Mesmo assim, esse aumento é considerado um desvio de padrão dentro da normalidade, de acordo com o veterinário da zoonose de Campinas, Ricardo Conde Alves Rodrigues.
Morcego conservado em álcool
A transmissão é feita através da saliva de um mamífero contaminado quando este entra em contato com outro, através da mordida ou do contato direto. Segundo o veterinário Rodrigues, existem dois tipos de raiva. Na furiosa, o animal contaminado apresenta sintomas como agressividade e salivação, atacando outros animais ou humanos, transmitindo o vírus. O último caso de raiva furiosa em Campinas foi em 1982, sendo que a última vítima humana foi no ano anterior. Atualmente, o padrão da raiva é pelo ciclo aéreo do vírus, onde os morcegos que se alimentam de frutos, contaminados pelo vírus, caem no chão, evoluindo para óbito. É nesse momento que pode ocorrer a transmissão da doença pelo contato direto com humanos ou outros mamíferos. Por esse motivo, a principal recomendação do veterinário é nunca tocar em um morcego, uma vez que a doença sem tratamento imediato e fatal.
Gráfico de casos positivos de raiva em morcegos em Campinas
Atualmente, a principal preocupação é a vigilância passiva, na qual os veterinários procuram morcegos com comportamentos diferentes do padrão da espécie, o que pode indicar o princípio da doença. Quando a zoonose é notificada, esses morcegos são enviados para a análise. Detectado o vírus, toda a região é alertada sobre a possibilidade de existência de morcegos infectados. Os agentes da zoonose distribuem folhetos com orientações de como proceder ao encontrar um morcego com comportamento estranho ou se algum animal doméstico entrar em contato com ele.
“Ao encontrar um morcego vivo, é recomendado colocar um balde com um peso em cima para capturá-lo. Em seguida, devemos comunicar a zoonose, que irá até o local para encaminhá-lo para a análise laboratorial. Se algum animal doméstico entrar em contato com o morcego, ele receberá um tratamento especial, com três doses da vacina antirrábica, para impedir o desenvolvimento da doença. Se o cão ou gato já tiver recebido a vacina regularmente, a sua chance de sobrevivência é bem maior, mas mesmo assim é aplicado um reforço” afirmou Vladson Mello, técnico agropecuário e membro da autoridade sanitária de Campinas. A coordenadora da UVZ (Unidadade de Vigilância de Zoonoses) e bióloga, Elen Fagundes Costa Telli, alertou para a data da campanha de vacinação anual contra raiva em cães e gatos. Será nos dias 23,24 e 30 de setembro e 1 de outubro. Ela ressaltou a importância da vacinação dos animais domésticos para preservá-los da doença. Há uma expectativa de vacinar 75 a 80 mil cães e 12 mil gatos.
Informações sobre os morcegos e sua alimentação